Anos atrás a síndrome de burnout já era uma questão de saúde mental que preocupava todos os médicos, independentemente do local em que exerciam o trabalho. Era necessário saber dessa síndrome porque ela afeta mais do que um aparelho do corpo humano. Além do psiquiatra, clínicos gerais, especialistas no sistema gástrico e psicólogos deveriam fazer parte de uma equipe para auxiliar no tratamento.
Hoje a preocupação está mais do que redobrada. A síndrome de burnout foi enquadrada como doença ocupacional, virando preocupação de muitos empresários brasileiros, desde os que administram pequenas empresas até os que comandam grandes companhias.
Nesse texto você vai saber o que é síndrome de burnout, quais são as causas, os sintomas, quais tratamentos existem e como lidar com essa síndrome dentro do seu consultório, tanto com os pacientes como com os colaboradores.
O que é síndrome de burnout?
Antes de falar de uma definição sobre a síndrome, vamos analisar a composição da palavra burnout. Ela tem origem do idioma inglês e é a junção de dois termos: burn que quer dizer queimar e out que quer dizer algo do meio externo.
Síndrome de burnout é um distúrbio emocional provocado por situações geradas no campo laboral e que causa exaustão extrema e alto nível de estresse. A síndrome de burnout também é conhecida como esgotamento profissional.
A síndrome de burnout foi incluída com mais detalhes e especificações na CID 11. A Classificação Internacional de Doenças foi atualizada para a versão 11 no início de 2022 pela Organização Mundial da Saúde.
A partir dessas novas informações, diversas empresas hospitalares, de pesquisas, de tecnologia e centros acadêmicos começaram a abordar o tema e trazer novos olhares para a situação.
A síndrome de burnout não é uma condição de saúde, uma vez que é definida pela CID 11 como “fenômeno ocupacional”. Ainda sob as palavras do documento divulgado pela OMS, burnout é “o estresse crônico de trabalho que não é administrado com sucesso.”
Na versão anterior, na CID 10, burnout estava classificado somente como uma quadro psiquiátrico no campo das saúdes mentais.
Ainda que seja uma questão mental, a síndrome não foi acoplada com demais transtornos, como ansiedade e depressão. Isso porque a partir dessa nova classificação, o burnout está enquadrado como doença de trabalho.
Importante ressaltar que essa síndrome está ligada diretamente ao campo do trabalho. Ou seja, é gerada e desenvolvida em locais de ocupação profissional. Não teria como, por exemplo, dizer que existe o desenvolvimento da síndrome de burnout em um relacionamento, seja amoroso ou familiar.
O assunto é tão sério e tem sido cada vez mais frequente que até mesmo o site do Ministério da Saúde do Governo Federal dedicou uma página para falar do assunto, trazendo conceitos e possíveis caminhos que uma pessoa pode tomar ao identificar a presença da maior parte dos sintomas listados.
Quais são os sintomas da síndrome de burnout?
Os sintomas da síndrome de burnout não são exclusivos. Isso quer dizer que as sensações vividas por esses pacientes podem ser confundidas com outras enfermidades ou até com momentos difíceis da vida que não envolvem, necessariamente, algum transtorno ou doença.
Mas a diferença dos quadros clínicos e a percepção se é um caso de burnout ou não vem pelo acúmulo de sintomas da síndrome, como por exemplo:
- Frequentes dores de cabeça
- Muito cansaço físico e mental
- Insônia
- Problemas no apetite
- Sentimento de fracasso
- Sentimento de insegurança
- Dificuldade de concentração
- Negatividade de forma intensa e constante
- Alterações de humor de forma repentina
- Sentimento de incompetência
- Fadiga
- Pressão alta
- Isolamento
- Dores musculares
- Problemas no aparelho gastrointestinal
- Alterações nos batimentos cardíacos
- Esgotamento de energia
- Redução da eficácia profissional
- Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho exercido
Quais são as causas?
Os sintomas listados anteriormente são desenvolvidos na empresa em que o paciente trabalha atualmente ou ainda pode ser um acúmulo da forma de desempenhar a função em diversos estabelecimentos em que ele desempenhou alguma tarefa e ocupou um cargo.
Algumas situações podem ser muito comuns e corriqueiras no mundo dos negócios, mas podem apresentar intensos danos à saúde de quem vive esses momentos.
Casos de muita pressão, alto nível de responsabilidade, muita competitividade, pressão psicológica, trabalhos muitos complexos e desgastantes podem levar a um quadro de burnout.
Como é dado o diagnóstico?
Ainda que uma pessoa comum identifique nela alguns dos sintomas relatados no texto, somente um profissional da área da saúde mental vai conseguir ser totalmente apto para fazer o diagnóstico da síndrome de burnout.
No Sistema Único de Saúde há a Rede de Atenção Psicossocial que oferece atendimento gratuito, podendo fazer o diagnóstico de burnout. Clínicas particulares e convênios médicos também podem contribuir com o diagnóstico.
Quais são os tratamentos?
Os tratamentos precisam ser feitos por psicólogos ou psiquiatras. A psicoterapia é parte fundamental do tratamento porque serve para identificar rotinas, pensamentos e comportamentos que geram todo o estado que ele está enfrentando. É somente descobrindo esses mecanismos que estratégias podem ser propostas a fim de ressignificar a situação.
Para casos mais complexos, o atendimento com o psiquiatra também pode se fazer necessário. Isso pode o nível de ansiedade e de depressão podem estar muito exacerbados, precisando então de medicação para regular essas funções.
Não há regras quanto ao tempo de duração do tratamento. Vai variar de caso para caso e também da colaboração do paciente de aceitar o tratamento, se auto investigar e promover mudanças na sua própria vida.
O que recomendar para um paciente com Síndrome de Burnout?
Além do tratamento descrito acima, alguns hábitos podem ajudar no quadro clínico de burnout:
- Prática de atividade física
- Vivenciar regularmente técnicas de relaxamento
- Praticar meditação
- Ter um tempo livre somente para si
- Buscar por atividades que dão prazer, como a leitura de um livro ou escutar uma música
Como evitar que os funcionários da clínica sofram com a Síndrome de Burnout?
Como mencionado anteriormente nesse texto, antes de 2022, burnout era visto como uma questão psiquiátrica do próprio paciente.
Após mais pesquisas no ramo, frequentemente procura por ajuda com esses sintomas e aumento do número de casos, a OMS constatou que na verdade essa síndrome está ligada exclusivamente e diretamente ao mundo do trabalho.
Além do maior detalhamento que foi compartilhado pela instituição, a questão mudou de figura porque gerou uma nova preocupação para as empresas dos mais variados setores e segmentos econômicos do Brasil.
Então agora, as companhias precisam se preocupar com essa parte da saúde dos funcionários e desenvolver estratégias para evitar os sintomas.
Da mesma forma que uma empresa do campo da indústria precisa se preocupar com equipamentos de proteção e formas para evitar acidentes físicos de trabalho, agora também há a necessidade de se preocupar com essa questão mental na intenção de diminuir o número de ocorrências.
Essa redução é primeiramente interessante aos colaboradores que são afetados na própria. Mas também, de forma secundária, afeta a folha de pagamento, escalas e questões orçamentárias de todo o faturamento do empreendimento. Visto que a síndrome de burnout pode levar ao afastamento por doença de trabalho ou ainda pedidos de demissão.
Um estudo feito pela Escola de Economia de Londres mostrou que o Brasil perde mais de 63 bilhões de dólares por ano devido aos afastamentos de trabalho por estresse ou depressão.
Ainda nesse âmbito, a Associação Internacional de Gestão de Estresse estimou que 32% dos profissionais brasileiros sofrem com esse esgotamento. Esses dados foram divulgados pelo HCor.
Também devemos lembrar das questões judiciais que podem ser geradas a partir do desenvolvimento dessa síndrome.
A sua clínica não está imune a isso. No blog da Amplimed, te contamos quais ferramentas digitais podem ser utilizadas por médicos para cuidar da própria saúde. Mas a preocupação deve ir além.
Ainda que você seja da área da saúde e que sua especialidade seja auxiliar pessoas e levar o maior nível de qualidade de vida a elas, os seus funcionários também podem desenvolver a síndrome de burnout.
Por isso, aqui vão alguns passos que você pode seguir para evitar o desenvolvimento da síndrome de burnout entre os seus colaboradores:
Compartilhar informação
Dizer que a síndrome de burnout existe e quais os principais sintomas são os passos iniciais para evitar que os funcionários da clínica passem por essa situação. Como prevenir ou resolver uma situação sem nem saber que ela existe?
Entender que não é frescura e sim uma questão de saúde ocupacional
Uma pesquisa feita pela empresa Kenoby com funcionários da área de recursos humanos mostrou que 93% dos colaboradores acreditavam que as empresas ainda ignoravam os problemas de saúde mental dos funcionários. Entre os entrevistados, cerca de 53% não sabia dizer se haveria alguma ação de prevenção e cuidado mental. 35% disse que o investimento aconteceria no prazo de um ano.
Respeite o horário de trabalho
Cada funcionário tem um horário de expediente. Ao empregador cabe respeitar essa definição e deixar de solicitá-lo no momento em que ele está fora do ambiente de trabalho. Além de uma questão trabalhista, também há a questão da saúde, já que o descanso e desconexão com os problemas do trabalho acontecem justamente nesse momento de fim de expediente.
Converse com os seus colaboradores sobre a importância de momentos de lazer e descanso
São nessas horas em que o trabalho será a última preocupação que o funcionário terá que ter. Incentive o seu funcionário a descobrir hobbies, atividades de meditação e relaxamento e explorar outros campos da vida que se diferem do trabalho.
Ajude a remanejar o estresse: Pare por alguns instantes e faça uma rápida avaliação de como é o ambiente de trabalho em todos os setores da empresa. Como as tarefas são distribuídas? Como as cobranças são feitas? Qual a intensidade da pressão exercida sobre cada um do quadro? A partir dessas respostas, quais medidas podem ser adotadas estrategicamente para reduzir a tensão e proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável. De nada adianta praticar a medicina humanizada sem exercer a gestão humanizada também. Para isso, é necessário encontrar novas técnicas para administrar o seu pessoal.
Essas são algumas ferramentas que você pode disponibilizar para o seu time e para seus pacientes para melhorar os quadros de síndrome de burnout.
Mas no blog da Amplimed você encontra muito mais conteúdo que vão potencializar o cuidado com a sua equipe e com os assistidos da clínica! Confira outros textos que já foram publicados!