Infelizmente, jogar deixou de ser uma brincadeira. A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza o gaming disorder, ou distúrbio de jogos eletrônicos, como um problema de saúde mental.
73,4% dos brasileiros afirmam jogar jogos eletrônicos, apontando um crescimento de 7,1% entre 2019 e 2020. Os dados são da 7° edição da Pesquisa Game Brasil (PGB).
Sendo assim, de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11), o vício em jogos eletrônicos está na lista de distúrbios de saúde mental com a nomenclatura “Distúrbio de Games”, ou gaming disorder.
A OMS define a patologia como um “padrão de comportamento persistente ou recorrente”. O quadro tem gravidade suficiente para comprometer as áreas de funcionamento pessoal e social.
Uma pesquisa publicada no Jornal de Psiquiatria da Austrália e Nova Zelândia mostrou que quase 2% da população mundial sofre de gaming disorder, representando quase 154 milhões de pessoas.
Até 2023, a estimativa é que o mercado de games alcance US$200 bilhões de faturamento ao redor do mundo. 7 em cada 10 brasileiros afirmam jogar jogos eletrônicos, segundo levantamento feito pela Game Brasil.
Todos esses dados nos mostram a importância de falar mais sobre o gaming disorder. Nesse texto, você vai conhecer melhor o assunto e entender como ajudar seus pacientes.
Gaming disorder: qual é o limite entre entretenimento e vício?
Assim como outros tipos de dependência, o gaming disorder causa um colapso geral na mente. Nesse caso, o jogo se torna a prioridade na vida do paciente, prejudicando o desempenho escolar e profissional e afastando amigos e familiares.
Em cenários mais graves, a pessoa se isola em um ambiente, geralmente o quarto, esquecendo-se de comer, tomar banho e até mesmo dormir, apenas para ficar todo tempo possível jogando.
É possível identificar uma perda de controle de duração e frequência das sessões de jogos. Além disso, o paciente continua realizando essa prática, mesmo que ela cause consequências negativas em sua vida pessoal, profissional e social.
Quais são os sintomas do gaming disorder?
São raros os casos onde o paciente que sofre com esse vício percebe os sintomas. Isso acontece porque o comportamento na dependência está relacionado ao prazer que os jogos proporcionam.
Por isso, é muito importante ficar atento a atitudes e mudanças de comportamento possivelmente associadas ao distúrbio.
Alguns dos principais sinais de alerta são:
- Perder a noção do tempo e jogar sem interrupções
- Deixar de fazer atividades escolares ou relacionadas ao trabalho para jogar
- Faltar frequente as aulas ou no emprego porque passou a noite em claro jogando
- Preferir jogar ao sair com os amigos ou ficar com a família
- Aparentar estar sempre cansado e com sono
- Ficar irritado, agitado ou angustiado quando não puder jogar, uma das principais características da abstinência
Como familiares e amigos podem contribuir com o tratamento?
Como médico, é importante saber como orientar a família e os amigos nesse caso. É importante que pessoas próximas tenham bastante bom senso, pois proibir o uso do jogos só irá piorar a situação.
Além disso, é importante evitar julgamentos, críticas e comparações com outras pessoas que não passam pelo mesmo problema.
É essencial guiar as conversas para um caminho mais racional, mostrando todas as consequências negativas que o excesso de jogos está gerando, como notas baixas e demissão, por exemplo.
Assim, fica mais fácil negociar o tempo que a pessoa passa jogando e estimular outras atividades que foram deixadas de lado. Aos poucos, o jogo vai perdendo a importância afetiva na vida do paciente.
Em cenários onde o vício está mais avançado, fica mais difícil de o paciente conseguir realizar essas mudanças sozinho. Ao definir um limite para jogar e não conseguir cumprir, ele só irá sentir mais sofrimento. Nesse caso, é essencial buscar ajuda profissional, antes que a situação se torne ainda mais grave.
O primeiro passo é reconhecer que o vício em games é um distúrbio mental. Dessa forma, é possível tomar medidas de prevenção e tratamento. Ao entrar na CID-11 o problema ganhou mais relevância, sendo caracterizado como um transtorno mental assim como vários outros.
Onde procurar ajuda?
Também é possível indicar que o paciente procure ajuda e apoio em algumas instituições, como:
- Ambulatório de Dependências do Comportamento do Proad/Unifesp (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo)
- Programa Ambulatorial do Jogo (PRO-AMJO) do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo)
- Jogadores anônimos
É essencial oferecer apoio e informações necessárias para ajudar pacientes e familiares que estão passando por essa situação. No blog da Amplimed, você fica por dentro das melhores dicas para prestar um atendimento de qualidade de acordo com as necessidades dos pacientes e fidelizá-los. Siga nosso Instagram e confira todas as nossas novidades!